* Democracia neste país é relativa, mas a corrupção é absoluta *

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QUANDO A POLITICA INTERFERE NA JUSTIÇA NADA MAIS FAZ SENTIDO

segunda-feira, dezembro 06, 2010

Boi preto conhece boi preto...

José Cruz/ABr

Líder do PTB no Senado, Gim Argello (DF) se ocupa no momento da mais nobre e importante missão atribuída a um congressista: relator do Orçamento da União.

Nessa função, cabe a Gim redigir o projeto que anota todos os gastos que o governo fará em 2011, ano inaugural de Dilma Rousseff. Coisa de R$ 1,3 trilhão.

Pois bem. Descobriu-se que o senador pendurou no orçamento anterior, o de 2010, emendas que não o recomendam como relator da peça de 2011.

Pelo menos R$ 3 milhões migraram das arcas da Viúva, veneranda e desprotegida senhora, para as contas de institutos fantasmas do Distrito Federal.

As pseudoentidades desfrutam do lobby do senador. Do total destinado aos institutos pelo menos R$ 1,4 milhão foi ao Orçamento graças a emendas de Gim.

Deve-se a revelação ao repórter Leandro Colon. Abaixo, um resumo dos achados de Colon:

1. Armou-se em Brasília um esquema para desviar verbas do erário –mais um. A coisa começa com a apresentação de emendas ao Orçamento.

2. No caso em questão, as emendas destinam dinheiro do contribuinte à nobre causa da promoção de shows e eventos culturais.

3. As emendas são empurradas para dentro da coluna de gastos de dois ministérios: o do Turismo e o da Cultura.

4. Depois de plantar a previsão de gastos no Orçamento, o congressista envia correspondência ao ministério, encarecendo a liberação do numerário.

5. Por exemplo: em carta datada de 29 de junho de 2010, Gim Argello fez um apelo ao ministro da Cultura, Juca Ferreira.

6. Rogou que fossem liberados R$ 600 mil de suas emendas para um instituto chamado Renova Brasil. Por meio de convênio, a pasta liberou R$ 532 mil.

7. O Renova Brasil é um instituto de fancaria. No endereço que forneceu ao ministério opera uma vidraçaria: Requinte Vidros.

8. O repórter refez o caminho de R$ 3 milhões. Cifra liberada desde abril deste ano. Verificou que a grana foi à conta de entidades como o Renova Brasil, fantasmas. Há um mercado de horrore$.

9. Da contabilidade dos tais institutos, o dinheiro desce à caixa registradora de uma empresa chamada RC Assessoria e Marketing.

10. Sem licitação, a RC é contratada pelos pseudo-institutos a pretexto de promover os shows e eventos previstos nas emendas enganhcadas no Orçamento.

11. A RC foi aberta em abril. Seu endereço é fictício. Seus sócios, conforme os registros da Junta Comercial, são um jardineiro e um mecânico.

12. Localizado, o jardineiro Moisés da Silva Morais, um dos “sócios” da firma cujas contas foram borrifadas com R$ 3 milhões, disse: “Eu sou laranja”.

13. Signatário dos contratos anexados às “prestações de contas” enviadas aos ministérios, Moisés mora em casa assentada numa rua de terra batida.

14. Fica na cidade goiana de Águas Lindas, no entorno do DF. Moisés disse ter sido atraído para a encrenca por Carlos Henrique Pina, 24 anos.

15. Trata-se de um aspirante a promotor de festas. Prometeu ao jardineiro R$ 500 por mês. Moisés disse desconhecer que havia verbas públicas na transação.

16. "Eu falei pra minha mulher que eu ia ser laranja, mas ele falou que ia me dar tanto. E o tanto de dinheiro que ele ganhou no meu nome?", questiona-se Moisés.

17. Procurado, o senador Gim disse que não conhece os institutos aos quais destina verbas. Desconhece também as empresas subcontratadas.

18. "O que me move é o mérito do projeto, não a identidade do executor", disse Gim. As emendas visam, segundo ele, "a promoção do turismo e o fomento da cultura”.

19. A fiscalização, declarou Gim, cabe ao TCU e à CGU. O Turismo alega que aprova os convênios com base na pepalada dos institutos. A Cultura diz que os malfeitos tisnam uma minoria de projetos.

20. Gim Argello, agora investido do título de relator do Orçamento da União de 2011, chegou ao Senado sem receber um mísero voto.

21. Ganhou a cadeira de senador em 2007. Era suplente de Joaquim Roriz (PSC-DF), que, acusado de corrupção, renunciou ao mandato para fugir da cassação.

22. Gim achegou-se a José Sarney e Renan Calheiros. Conheceu Dilma Rousseff na época em que ela morava na residência oficial de chefe da Casa Civil.

23. Vizinho da então ministra, Gim acompanhava Dilma em caminhadas matinais às margens do Lago Paranoá. Classifica-se como “amigo” da presidente eleita.

24. Dono de patrimônio invejável, Gim é investigado em inquérito que corre em segredo no STF. Acusam-no de apropriação indébita, peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

25. É de perguntar: como um sem-voto de biografia permeada de interrogações pode virar relator do Orçamento da União? Mistérios de Brasília.


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Um comentário:

Alex disse...

Ok meu caro, lemos acima também, não se preocupe; a matéria é de fácil entendimento, pois tais manobras são possíveis a quem tem a máquina na mão, nós é que sobramos no final, pois esse dinheiro é nosso, vamos casoissilar: "Isso é uma vergonha!"