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QUANDO A POLITICA INTERFERE NA JUSTIÇA NADA MAIS FAZ SENTIDO

sexta-feira, agosto 28, 2009

Por que o povo não sai às ruas?

"Alguém poderia dizer que resta a internet e o Twitter, como se o socorro pudesse vir sozinho do milagre eletrônico"

As pessoas estão se perguntando, diante dos escândalos no Senado: “Por que o povo não sai às ruas?”.
Além da indagação, exalam a autocrítica desalentada: “O povo brasileiro é muito passivo”. A isso seguem-se frases de impotência e ceticismo quanto aos políticos em geral.

A situação torna-se ainda mais incômoda quando essas mesmas pessoas se lembram dos caras pintadas, que, há quase 20 anos, saíram às ruas para depor Collor. Olham para o passado recente e não conseguem entender por que hoje o povo não se rebela, por que a história não se repete.
Os cientistas políticos deveriam/poderiam explicar isso. Sem ser cientista, parece-me que, para entender esse impasse, temos que convir no seguinte:

1. É uma ilusão pensar que o “povo” espontaneamente sai às ruas para protestar e exigir reformas;


2. Os movimentos sociais dessa natureza exigem duas coisas complementares: liderança e militantes. Esse tipo de atuação tem algo de fanatismo, de evangélico, de messianismo misturado ao sonho e à utopia;

3. Sem liderança e militantes que articulem manifestações, as insatisfações flutuam sem direção. A imprensa pode alardear o que quiser, mas o pasmo ficará como uma bolha que se esvai no ar.

Cadê, então, as lideranças e a militância? Onde estão? Quem são aqueles que deveriam e poderiam ser líderes? Há que cruamente considerar os seguintes fatos:

4. Até pouco tempo, grupos militares, religiosos e facções políticas tradicionalmente fizeram esse trabalho de militância. Hoje, no entanto, no quadro brasileiro, não há nenhum partido ou organização capaz de exercer esse papel. Se não, vejamos:

5. Os militares brasileiros, que organizaram as manifestações populares que desembocaram em 1964, estão de quarentena e desgastados politicamente;

6. As organizações religiosas que lutaram contra a tortura e a ditadura hoje não têm nem a penetração nem a liderança que tinham há décadas;

7. Os partidos de esquerda, como PT, PC, PCdo B e PSB, chegaram ao poder e se distanciaram das ruas, tornando-se fisiológicos, seus militantes renderam-se ao lado afrodisíaco do poder; o PSDB e o DEM não têm militância para isso e o PSOL não tem capilaridade para movimentos de rua como tinha o falecido PT, que está cometendo em público uma série de "harakiris"

8. A OAB, que teve papel importante na luta contra a ditadura por meio de Raymundo Faoro, não tem voz que se faça ouvir a nível nacional;

9. Os partidos de centro-direita têm um discurso frouxo e tendem para a inércia, para os acordos, e só aglutinam os subordinados para interesses próprios;

10. Os estudantes, que seriam a reserva disponível, não podem ser mobilizados porque a UNE caiu numa armadilha: perdeu a independência, recebe dinheiro do governo, está com a consciência paralisada ou adormecida.

Essa situação é motivo de júbilo para alguns políticos da situação, que esfregam descaradamente na cara dos caras pintadas ou não pintadas o fato de que se lixam para a opinião pública e de que tal opinião é “volúvel”. Estão tripudiando porque sabem que falta o elo, a argamassa da liderança e militância popular capaz de estremecer o poder. Militância e liderança que são fruto do trabalho alucinado de alguns missionários, revolucionários que queimam suas vidas atuando 24 horas para que seus sonhos e alucinações aconteçam.

Diante desse quatro, assinale-se que a cultura chamada pós-moderna incentiva cada vez mais a fragmentação da consciência. Alguém poderia esperançosamente dizer que resta a internet e o Twitter, como se o socorro pudesse vir sozinho do milagre eletrônico. Mas, convenhamos, até mesmo a internet e o Twitter só funcionam política e socialmente se indivíduos fisicamente presentes e reconhecíveis assumirem o risco da liderança e romperem a crosta do pasmo e da desilusão.

Affonso Romano de Sant'Anna
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3 comentários:

Cachorro Louco disse...

Mascate :tem mais uma coisa que eu sei .Um amigo meu aqui de São paulo foi ao interior de Pernambuco visitar o pai e os dois irmãos , e descobriu que em quase todas as famílias de sua cidade ,as pessoas tem bolsa família .Seus irmãos tem para sí e para cada filho,e, então abandonaram a roça ,passando o dia na cidade jogando bilhar ,porque não precisam mais plantar para comer .Essas pessoas nunca reagirão contra um governo uqe as mantem alimentadas sem que precisem se mexer.Abraços

O Mascate disse...

Tenho uma grande amiga que os familiares tem plantações de cacau e outros na bahia, eles estão perdendo parte da colheita por falta de mão de obra para fazer o trabalho.
nquanto o DESgoverno continuar dando comida na boca esse povo vai viver coçando o saco e votando apenas para manter o privilégio de não ter que trabalhar para viver.

ESCREVA O QUE VOU DIZER: Quando começar a campanha eleitoral a PTralhada vai colocar no ar propagandas alegando que se o candidato "tal" vencer as eleições ele vai acabar com as bolsas.
É esperar para ver.

Anônimo disse...

O brasileiro é um povo engraçado ou burro, que faz de tudo quando o seu time perde um jogo de futebol, mas parece que não enxerga que está sendo roubado pelos seus¨representantes?¨ Até quando vai isso???