Vem chegando o verão.
E com ele mais alguns meses de problemas para quem mora em Santos e trabalha no Guarujá, ou vice e versa.
As filas das Balsas.
As Balsas são o que se tem de mais medieval e atrasado em matéria de transporte público no Brasil, um serviço de péssima qualidade com preços que beiram a extorsão e atendimento precário.
Mas para nós Santistas ou Guarujáenses que já estamos conformados com esse descaso do governo do estado com a população de ambas as cidades nos resta apenas enfrentar para conseguirmos manter a normalidade de nossas vidas.
O problema maior é que muitos turistas não perceberam que moramos justamente nas cidades onde eles tiram férias, e na cabeça deles todos que estão em sua volta estão curtindo um ócio básico, e aí começam os problemas, e o maior deles os FURA-FILA.
Os Fura-fila são de uma espécie odiosa que não está ameaçada de extinção no Brasil.
Os fura fila, geralmente são jovens metidos a espertos que sempre querem levar vantagem pra cima de alguém.
Existem várias espécies de fura-filas, citarei apenas os mais comuns.
O Agressivo:
São aqueles que na maior cara de pau do planeta entram na sua frente e quando você cobra os seus direitos de cidadão eles te ameaçam ou mesmo partem para a agressão física ou danos materiais no seu veículo, normalmente andam
Nome científico: Truculentus Etílicus.
Forma de controle, um trezoitão no carro ou ajuda da polícia.
Como identificar: São jovens mimados, criados por papais idiotas que não deram educação e permitiram aos pequenos rebentos serem os donos do mundo, e eles acreditaram nisso. Na maioria das vezes são marombados, tatuados, alcoolizados, ou drogados e em muitos casos ambos, possuem carros enfeitados vindos de diversos pontos do estado, ouvem o som no último volume, se acham o máximo, vivem fazendo baderna, falando bobagens, mexendo e soltando gracinhas a todos que estejam por perto, de cachorros de rua a vendedores de cervejas.
O Mané:
O Mané infalivelmente quando fura a fila faz cara de paisagem e se faz de surdo por não ouvir as buzinas e impropérios de todos os outros usuários que estão atrás dele.
E quando chega lá no embarque e o funcionário da concessionária o retira da fila, e ele fala com a cara mais idiota do mundo que não tinha notado que haviam outros veículos quando “furou a fila”, normalmente se faz de morto e sai fora sem muitos problemas.
Nome Científico: Fingidus de Mortium.
São de fácil identificação, veículos fora de linha ou em péssimo estado de conservação, possuem placas do interior ou da grande SP, andam em bandos apinhados no mesmo carro tocando funk, pagode ou sertanejo no ultimo volume, regados a muita farofa, frango assado, e macarronada com cerveja, costumam fazer o piquenique na própria fila quando não obtém êxito em furá-la.
Também conhecido como FAROFEIRO.
Forma de controle: Buzinaço e gritaria no ouvido do funcionário da concessionária.
O Apressadinho:
Essa espécie se destaca por estar sempre atrasada, e por não querer pagar a mais pelo embarque com hora marcada que não precisa enfrentar filas, mas sempre dá um jeitinho de furar a fila, seus membros quando pegos começam a desfiar um rosário de desculpas para sua pressa, que vão desde a morte da mãe, chegando até a vontade de ir ao banheiro.
Não são agressivos e por serem de fácil comunicação, não é difícil se darem bem com algum usuário de coração mole.
Nome cientifico: Apressadus Caraduras.
Forma de controle, ficar atento à ladainha que irá começar e se manter firme na posição de retirá-lo da fila.
Forma de identificação, carros caros com placas de SP, entre 28 e 40 anos, boa aparência, sorriso estampado no rosto, cordial e insistente.
A Gatinha.
A gatinha é aquela baranguinha que pegou o carrão do papai e resolveu ir passar o dia na praia. Tem que ser em Pernambuco no Guarujá para poder depois colocar as fotos no Orkut.
Sempre procuram na fila algum outro veículo com alguns Manés com cara de desespero, fazem charme, conversam, jogam um sorriso e conseguem entrar na fila com a anuência dos “bonitões” que acreditam terem ganhado na loteria com aquelas “minas” dando mole para eles. Assim que desembarcam no Guarujá desaparecem com uma rapidez impressionante, deixando os Manés a ver navios ou na base de “Maria Palma”
Nome científico: Barangus Peçonhentus.
Forma de controle, não acreditar que toda mulher bonitinha ou não, em fila de balsa queira dar para você.... Assim, de repente.
Como identificar: Andam em pares, usam óculos de sol que mais parecem com para-brisas de ônibus pelo tamanho das lentes, possuem celulares último modelo, estão sempre com uma lata de cerveja nas mãos, na maioria das vezes são loiras oxigenadas com biquínis reduzidíssimos, tatuadas, “trepadas” nas grifes e costumam tirar fotos com os dedos em posição de "V".
A Madame.
Essa é uma espécie “sui generis” dos fura filas, pois como elas tem dinheiro ou alguma influência por serem esposas de "alguém"sentem-se acima do bem e do mal, andam em carrões que pelo que custaram dariam para alimentar umas cinqüenta famílias por um ano, acreditam serem especiais e terem mais direitos que a maioria do mortais, não admitem indagações quando furam a fila e afirmam que de lá ninguém consiga tirá-las. Jamais se lembram de pagar o embarque com hora marcada para facilitar a própria vida, e vivem a embolar o com hora desmarcada, já que sua conduta gera revolta e confusão atrasando a vida de todos que se encontram atrás delas.
Nome científico: Madamis Decadentis.
Forma de controle, partir para a baixaria e levar a briga adiante mesmo que para isso você perca a sua vez na fila.
Forma de identificação, mulheres cinqüentonas com aparência de gatinhas dos anos sessenta, a bordo de carrões com cachorrinhos no colo servindo de Air Bag," trepadas" em grifes, jóias ou bijuterias finas, (na maioria das vezes loiras falsas, por que algumas mulheres não envelhecem, simplesmente ficam loiras.) com olhar de pantera e comportamento de vaca.
O Carteirada.
O carteirada é aquela espécie que não entra em filas, simplesmente as fura, e não está nem aí para nada, não admite ficar atrás de ninguém e já atravessou todas as barreiras possíveis e não foi parado, quando chega lá na frente e você reclama ao funcionário ele saca da carteira e enfia nas fuças dos coitados mostrando sua “otoridade”, estando ou não em serviço se favorece da carteirada.
Nome Cientifico: Funcionárius Públicus.
Forma de controle, não existe para os meros mortais, a não ser que na fila tenha alguém de “saco roxo” e tome as medidas cabíveis para coibir essa atitude, sempre contam com a conivência da concessionária, não pagam pela travessia e ainda são cumprimentados por todos.
Como identificar: essa espécie só é identificada quando já é tarde demais, são sorrateiros e andam a surdina, portanto não há como se prevenir ao ataque de um deles.. O que nos sobra é apenas lamentar.
O Idiota.
O idiota é uma espécie diferenciada, pois geralmente andam de motocicleta e insistem em furar a fila dos motociclistas. São tão reduzidos de intelectualidade que não percebem que motocicleta não pega fila, E aquela que eles viram é apenas a do embarque, e mesmo assim eles querem estar lá na frente.
São condutores que possuem motocicletas de baixa cilindrada, velhas ou em estado de decomposição, com os escapamentos abertos acelerando sem parar tornando a vida em volta praticamente impossível.
Querem sempre ser os primeiros a embarcar e desembarcar, apostam corrida contra eles mesmos, não se respeitam é comum se enroscarem uns nos outros e cairem, causando tumulto para alguns e alegria para muitos, quando não causam prejuízos para aqueles que estão por perto.
Nome científico: Candidatus a Difuntus.
Vulgarmente chamados de motoqueiros, não confundir com outra espécie que também anda sobre duas rodas, os Motociclistas.
Forma de controle, não existe uma que seja totalmente eficiente, fatalmente eles se extinguem por conta própria, mas a procriação é acelerada, a cada um que morre aparecem mais de trinta para substituir ao que passou desta para outra. A selvageria do trânsito normalmente faz sua parte eliminando os mais idiotas e abusados só que ainda sobram milhares e eles procriam feito moscas.
Como identificar: Possuem veículos velhos caindo aos pedaços, andam sempre em alta velocidade, são mulambentos e em muitos casos exalam odores desagradáveis, não conhecem nenhuma lei de trânsito e sempre dão muito trabalho ao corpo de bombeiros, desafiam as leis da física e tentam sempre ocupar o mesmo lugar no espaço em que já existem outros corpos.
O Cidadão.
O Cidadão é uma espécie em extinção, são as vítimas preferidas de todos acima, respeitam os direitos individuais, não furam filas e tem uma consciência de cidadania bem acima da média, não costumam descartar lixo pelas janelas, não fazem barulho, respeitam o meio ambiente, e agüentam pacientemente sua vez de embarcar, alguns se mostram indignados e vão a luta quando desrespeitados, mas os que tem esse comportamento são raros.
Nome cientifico: Populare Otarius..
Como identificar, basta apenas se olhar no espelho.
Forma de controle, inércia, egoísmo, desfaçatez, injustiças, abusos dos direitos individuais, acomodação.
Para que suas férias sejam boas aqui vão algumas dicas.
A Dersa junto com as prefeituras de cidades servidas por Balsas firmaram um contrato com a Polícia Militar e quem furar filas ou causar transtornos será conduzido ao distrito mais próximo e autuado por desordem.
Se você tem pressa a Dersa oferece um serviço de embarque com hora marcada que é feito por telefone e o usuário paga uma taxa acima do valor normal da tarifa pela facilidade. Os valores ficam em R$ 18,90 ida, e R$ 26,40 volta.
"Hora-Marcada". O usuário liga para o serviço DISQUE-BALSA através dos telefones (0xx13) 3358-2743, 3358-3088 ou 3358-2277 e reserva o dia e o horário desejados. A reserva pode ser feita com prazo mínimo de 24 horas e máximo de até 30 dias. O Hora-Marcada funciona todos os dias, inclusive aos sábados e domingos, das 9h às 17h. A ligação é gratuita.
Para sua proteção, no momento em que pagar pelo embarque peça o cupom, pois os funcionários das terceirizadas que administram o serviço de balsas invarialvelmente "esquecem " de dar o comprovante de pagamento, e no final do ano quando forem feitas as revisões de tarifas as terceirizadas alegam prejuízo e sempre conseguem um aumento no preço, se você pedir o comprovante as empresas não tem como sonegar impostos e nem como alegar prejuízos.
Lembre sempre, você pode estar de férias mas tem muita gente que está trabalhando.
5 comentários:
Fernando, vc tem razão vai começar o calvário dos usuários das balsas.
É impressionante o quanto esse serviço é ruim, e nesta época a coisa piora nem tanto por causa da concessionária e mais por causa dos usuários.
Mas vamos esperar para ver os resultados desse acordo com a PM.
Eu particularmente já tive que partir para a porrada com uns moleques que acreditaram que dariam conta do velho aqui.
Resultado, levei uns sopapos, mas mandei um para o PS e coloquei o outro para correr com o rabo entre as pernas.
ABÇs.
Fernandão, vc se lembra daquela confusão em que uns moleques furaram a fila e o motorista atrás reclamou e eles foram para cima do cara enchendo ele de porradas, só que eles não contavam com uma pistola que ele tinha no carro e quando ele conseguiu pegar a arma os machões fugiram abandonando os carros na fila, e o cara para não perder a viajem encheu os painéis dos carros de tiros?
Lembra disso?
Beto, eu me lembro, eu estava na fila neste dia, o cara apanhou um bocado pq os "malandros" o pegaram pelo pescoço dentro do carro impedindo que ele reagisse, mas quando ele conseguiu se soltar começou uma festa.
Os moleques corriam feito coelhos assustados e o cara descarregou a pistola nos painéis de uma Saveiro e de um Gol, segundo ele mesmo, "apanhei, mas esses otários vão ter que explicar para os papais o por que desses furos nos carros, se é que algum deles consiga sair daí pelas próprias rodas", em seguida ele entrou no carro, deu meia volta e desapareceu.
Não sei o que deu depois, mas esses moleques aprenderam a lição.
Abração e Feliz Natal.
É o que sempre digo, respeito é tudo.
Preciso te visitar mais vezes, suas postagens estão ótimas.
Bjssssss
Fernando
suas descrições dos fura-filas está ótima.
Eu não suporto mais praia. Um lugar tão bonito mas que atrai o que há de pior, lamentável...
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