* Democracia neste país é relativa, mas a corrupção é absoluta *

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QUANDO A POLITICA INTERFERE NA JUSTIÇA NADA MAIS FAZ SENTIDO

sábado, outubro 25, 2008

Fiel ou cliente?


O que buscamos nas igrejas, nos rituais religiosos, naquilo que imaginamos ser um encontro com o divino? O que procuramos por trás de altares imponentes, imagens sacras, oratórias eloqüentes e histriônicas?
As religiões hoje têm mais clientes do que fiéis. Está desempregado? Depressivo? A mulher o abandonou, o filho adoeceu, o patrão o despediu? O dinheiro encurtou, o salário acabou, as contas cresceram, os juros bancários o afogaram? Que tal um milagre?
Fé, o grande produto do milênio. Um verdadeiro mercado de seitas se abre como um imenso shopping center de oportunidades. Basta ligar a TV e o rádio a qualquer hora do dia ou da noite, ou prestar atenção aos cartazes e faixas espalhados em qualquer cidade, para perceber da extensão da oferta religiosa. Seriam os mesmos 'vendilhões do templo' de séculos atrás?
Viro meus olhos noutra direção e percebo a existência de uma enorme e sôfrega massa consumidora. Todos à espera de milagres, cada qual a seu modo. A velha economia nos ensina: a profusão de ofertas só existe por obra e graça da Santa Demanda.
Estamos sempre apostando num socorro que virá de algo além de nós, fora de nós, e muitas vezes muito maior do que nós e nosso humano entendimento. E agimos como clientes quando esquecemos que somos parte de algo maior. A maneira como boa parte da humanidade lida com as religiões é parte de um fenômeno recorrente: o homem procura socorro quando não consegue mais se ver no espelho de sua própria alma, e repele a visão frontal de suas deficiências e misérias. Quando seus desencantos são maiores que suas esperanças, o homem se aparta de própria sua identidade.

Agimos como clientes, não sabemos ser fiéis. Pagamos o que achamos ser o preço justo pela entrega daquilo que imaginamos ser nossa fé, e em retribuição queremos um adiantamento cá na Terra da nossa parcela no lá céu.
Somos clientes, não agimos como cidadãos. Egoístas, imaginamos que o melhor para cada um de nós independe do que poderia ser o melhor para todos. No mercado da fé, cliente vira otário. Para esses, há pouca chance de salvação.

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3 comentários:

Unknown disse...

O pior Fernando é que em "esses" não há salvação. Nossa luta é tentar convencê-los que estamos juntos.
Como disse um dos gênios da crise ontem, "ou nadamos juntos, ou afundamos juntos.
Assim é o mundo.

Ibrahim Tauil disse...

Há uma relação interessante nesse fenômeno. Na mesma proporção em que o cidadão se desencanta com a política, com o voto, ele se volta para a religiosidade. O que é bom para a elite política(facilita a perpetuação no poder). E que acaba sendo bom também para uma outra elite. A dos pregadores da fé. Eu não temo em afirmar que CRISTO, do alto da Sua simplicidade, seria barrado na porta de algumas imponentes e suntuosas igrejas.
Abraço

Anônimo disse...

Fernando, faça de conta que essa cena aconteceu: um sujeito está ajoelhado, de olhos fechados. Chega outro e pergunta: o que você pensa que está fazendo?
- Estou falando com o meu deus.
- E o que você está falando?
- Estou pedindo perdão por minhas falhas e pedindo para ele abençoar a minha colheita, a minha família, os meus amigos.
- Isso você não pode. Você só pode fazer isso lá na minha igreja, que é a única verdadeira e que foi fundada pelo próprio filho do deus com quem você está falando. Você tem de ir lá, pagar uma taxa todo mês para manter de pé a nossa obra em favor do deus.
E o cara que estava lá tranquilo falando com o deus dele se levantou e foi à tal igreja, porque não queria agir errado contra o deus com quem ele estava tranquilamente falando sem que esse o tivesse repreendido.
Todo vigarista só descansa quando encontra um otário que aceite seu domínio.

Zé do Coco